Os Segredos Ocultos do País das Maravilhas - Parte II

Os desenhos animados têm aplicado gradativamente mais características de rituais mágicos em suas histórias, mas Alice no País das Maravilhas teve o seu destaque nesse quesito. Lewis Carroll não apresentou palavras mágicas, utensílios ritualísticos ou livros de feitiço: ele ensinou como realizar a magia evocativa. Em todas as seitas e sociedades secretas, ou até mesmo em grupos de estudos esotéricos e ocultistas, este segredo é passado e repassado de diversas maneiras. Em 2006, Rhonda Byrne decidiu que esse conhecimento não deveria se manter apenas entre os iniciados, portanto, publicou O Segredo – A Lei da Atração. Porém, desde 1864, Lewis Carroll havia feito isso de maneira sutil em Alice no País das Maravilhas. 


"... quando subitamente Alice caiu sobre uma pilha de gravetos e folhas secas. Alice não estava nem um pouco machucada, e pôde saltar sobre os pés num instante: olhou para cima, mas estava tudo escuro sobre sua cabeça, diante dela havia outro grande túnel e o Coelho Branco ainda estava à vista, apressado. (...) A menina encontrou-se, então, em um comprido e baixo aposento, que era iluminado por uma fileira de lâmpadas penduradas no teto. Havia portas por toda a volta do aposento, mas estavam todas trancadas (...) De repente, encontrou uma mesa pequena de três pés, toda feita em vidro sólido: não havia nada sobre ela a não ser uma minúscula chave dourada (...) Alice encontrou uma cortina que não havia percebido antes, e atrás dela existia uma pequena porta de aparentemente 40 centímetros: a menina colocou a pequena chave na fechadura e, para o seu prazer, ela encaixou! 

Alice abriu a porta e viu que dava para uma pequena passagem, não muito maior do que um buraco de rato: ela ajoelhou-se e avistou o mais adorável jardim que jamais vira. (...) 'Oh! Como eu desejo poder encolher como um telescópio. Eu acho que poderia, se ao menos soubesse como começar.' Vejam só, tantas coisas estranhas tinham acontecido ultimamente que Alice começara a pensar que muito poucas coisas eram na verdade realmente impossíveis. (...) Alice voltou em direção à mesa, com esperança de poder encontrar outra chave sobre ela ou, quem sabe, um livro de regras para ensinar as pessoas a encolherem como telescópios: desta vez ela encontrou uma pequena garrafa sobre ela e amarrada ao redor do gargalo estava uma etiqueta com as palavras BEBA-ME, lindamente impressa em palavras grandes." (Alice no País das Maravilhas, Capítulo 1 – Para Baixo na Toca do Coelho, páginas 3 e 4)

O propósito de Carroll e de Byrne é ensinar as pessoas que as nossas palavras podem materializar as coisas, conforme a nossa vontade. Até aqui este princípio é sadio, porque as Escrituras Sagradas ensinam também que as palavras têm o poder de abençoar ou amaldiçoar, depende do que sai da nossa boca (Mt 21:22, 7:8, 12:36-37). Mas, o pecado começa quando nós nos colocamos na posição de criadores e nos admiramos com o poder de nossas palavras, como Alice no País das Maravilhas e o Segredo nos ensinam, nos esquecendo de que este mesmo poder é estabelecido e suprido por Deus, como Jesus Cristo nos ensinou em João 14:13: E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Tudo aquilo que se desvia desse conceito é idolatria (Rm 1:23). Madame Blavatsky, a fundadora da Sociedade Teosófica, conhece bem esse procedimento no meio ocultista:

No momento em que nossa mente cria um pensamento, o signo que representa esse pensamento fica gravado automaticamente no fluido astral, que é o receptáculo e, por assim dizer, o espelho de todas as manifestações da existência. O signo expressa a coisa, a coisa é virtude do signo. Pronunciar uma palavra é evocar um pensamento e fazê-lo presente, o poder magnético da palavra humana é o começo de todas as manifestações do Mundo Oculto. Pronunciar o nome não é somente definir um ser, mas submetê-lo a influência desse nome e condena-lo, por força da emissão da palavra, a sofrer a ação de um ou mais poderes ocultos. As coisas são, para cada um de nós, o que a palavra determina quando a nomeamos. A palavra ou a linguagem de cada homem é, sem que ele tenha consciência disso, uma bênção ou uma maldição. (A Doutrina Secreta Volume I – Cosmogênese, página 229, de Helena Petrovna Blavatsky)


Uma das maiores armas usadas em Alice no País das Maravilhas é a transmissão das informações de maneira ponderada, com exemplos autoexplicativos, para que as pessoas compreendam o modo como os conhecimentos satânicos devem ser aplicados, detonando os conceitos de ética e moral cristã. O Coelho Branco desaparece, e Alice se interessa pelos habitantes do País das Maravilhas e seus costumes. Ela não sabe aonde ela deve ir, e no fim ela descobre que desde o início ela nunca queria ter ido ao País das Maravilhas. Porém, esse arrependimento não é explícito ou mesmo destacado, porque outras mensagens subliminares precisam ser enfatizadas. E uma delas, talvez a mais frequente em todo o livro, é sobre o uso de drogas. 

A história aparentemente sem sentido parece vir completamente de uma confusa alucinação química de Lewis Carroll, mas contém todos os elementos necessários para iniciar ou apenas inspirar uma pessoa a pesquisar sobre o falso conhecimento fornecido por Satanás. Alice é vista o tempo todo comendo bolos e doces e bebendo líquidos desconhecidos, fazendo-a aumentar ou diminuir de tamanho, alguns dos efeitos alucinógenos de certas substâncias. Como um verdadeiro ocultista, Lewis Carroll não incentivava o consumo apenas para recreação, mas como fator principal para a chamada abertura da consciência. Esses métodos são mais explorados nas religiões orientais, nas quais a maioria das sociedades secretas se baseia.


Alice esticou-se na ponta dos dedos e olhou sobre a margem do cogumelo, seus olhos imediatamente avistaram uma enorme lagarta azul, sentada no topo da planta, com braços cruzados calmamente fumando um narguilé.
"Quem é você?” – perguntou a Lagarta.
"Eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento – pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então." – disse Alice (...)
"Eu tenho algo importante para dizer!"- disse a Lagarta
"E o que é?"- perguntou Alice
"Mantenha a calma" - respondeu a Lagarta
"Isso é tudo?" - perguntou Alice
"Não. Então, você acha que mudou, não é?"
"Temo que sim, Senhora" - respondeu Alice – "Não consigo lembrar das coisas como antes e não mantenho o mesmo tamanho nem por dez minutos!"(...)
"De que tamanho você quer ser?" - perguntou a Lagarta.
"Bem, eu gostaria de ser um pouco maior, se a Senhor não se importar."
Depois de um ou dois minutos a Lagarta tirou o cachimbo da boca, e bocejou uma ou duas vezes e espreguiçou-se. Então desceu do cogumelo e arrastou-se para longe, e disse ao sair:
"Um lado irá fazê-la crescer e o outro irá fazê-la diminuir.”
"Um lado do quê? Outro lado do quê?" – pensava Alice consigo mesma.
"Do cogumelo"- respondeu a Lagarta, como se Alice tivesse falado alto.
(Alice no País das Maravilhas, Capítulo 5 – Conselho De Uma Lagarta, páginas 15 e 16)

O autoconhecimento é um dos deveres de qualquer ocultista, porque ao buscar a sua essência e a sua vontade, ele se coloca na posição de um deus (Rm 1:23). Alice, ao responder a pergunta de cunho esotérico, não soube descrever quem era ela naquele momento, mas assumiu que estava em constante mudança. Essa mudança é necessária para que cada ocultista seja moldado de acordo com o conhecimento que vai adquirindo na medida que cresce dentro da própria sociedade, até se tornar um perfeito servo de Satanás. A Lagarta é mais um dos personagens a dizer que aquilo que buscamos se encontra na abertura da consciência através do consumo de drogas, o seu próprio narguilé é um aparelho para o uso de ópio, haxixe e maconha. Para que Alice resolvesse o seu problema, ela deveria ingerir o Chá de Cogumelo ou tomar LSD. Todas essas drogas são responsáveis pela destruição gradativa do cérebro: perda de memória e alucinações são sequelas permanentes provocadas pelo consumo dessas substâncias químicas.


Continua...

Os Segredos Ocultos do País das Maravilhas - Parte I

Alice no País das Maravilhas foi um dos livros infantis mais cotados do século XIX que conferiu a imortalidade literária a Lewis Carroll, nome artístico de Charles Lutwidge Dodgson. Para aqueles que não possuem discernimento e conhecimento bíblico, trata-se apenas de uma compilação de aventuras de uma menina que encontrou de repente um lugar fantástico com personagens cativantes. Porém, existem motivos óbvios demais para que esta obra não tenha se tornado apenas mais um conto de uma época. Esses motivos são tão importantes que Hollywood investiu em uma adaptação de Alice no País das Maravilhas para o século XXI, se aproveitando de suas bases ocultas e aprofundando os altos níveis de mensagens subliminares. O País das Maravilhas tem se tornado um refúgio perigoso para aqueles que buscam a felicidade em seu território, e quanto mais tempo se passa dentro dele, mais aumentam as chances nunca mais poder escapar.


Charles Lutwidge Dodgson nasceu em 27 de janeiro de 1832, na Inglaterra. Era filho do Reverendo Charles Dodgson, um pastor protestante que lhe deu uma educação religiosa repleta de referências cristãs. Porém, Dodgson abandonou a Igreja Anglicana na qual servia como diácono e se tornou membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas. Ele aprendeu sobre Espiritismo, Percepção Extrassensorial, Clarividência e outras atividades paranormais. Em 1851, ingressou na Universidade de Oxford, onde estudou e lecionou matemática. Inventou um grande número de enigmas, jogos matemáticos e problemas de lógica, e algumas de suas criações foram empregadas posteriormente em seu livro. 

A história de Alice no País das Maravilhas surgiu em 1862, quando fazia um passeio de barco no Rio Tâmisa com a sua amiga Alice Liddell, uma menina de dez anos de idade, e suas irmãs. Dodgson começou a contar uma história sobre uma menina que se chamava Alice que encontrou um mundo fantástico após cair em uma toca de um coelho. Alice Liddell gostou tanto da história que pediu para que Dodgson a escrevesse, tendo concluído o manuscrito em 1864. Esse manuscrito sofreu algumas alterações, foi publicado e teve sua primeira tiragem removida das prateleiras, devido todas as reclamações do ilustrador John Tenniel sobre a qualidade da impressão. A segunda tiragem rapidamente esgotou-se nas vendas, e a obra se tornou um grande sucesso.  

"Gosto de crianças. Se eu tivesse a criança mais linda do mundo para desenhar e fotografar e descobrisse nela um ligeiro acanhamento (por mais ligeiro e facilmente superável que fosse) de ser retratada nua, eu sentia ser um dever solene para com Deus abandonar por completo a solicitação" – Lewis Carroll.

Lewis Carroll se interessou por fotografia antes mesmo dessa arte ter sido refinada. Por temer que as imagens desnudas causassem constrangimento para as meninas mais tarde, pediu que após a sua morte fossem destruídas ou devolvidas às crianças ou seus pais. Quatro ou cinco fotos ainda sobrevivem. Uma delas é possível encontrar no livro "Pleasures Taken - Performances of Sexuality and Loss in Victorian Photographs" da autora Carol Mavor. Na página 12 do livro é possível encontrar a foto da menina Evelyn Hatch fotografada totalmente nua, como também referências ao trabalho fotográfico de Lewis Carroll. Em outro livro intitulado "Cartas Às Suas Amiguinhas" da editora Sette Letras, o conteúdo das cartas de Lewis Carroll às meninas com quem ele se relacionou é analisado de forma fria e racional e revela uma intimidade fora do comum entre Lewis e as meninas que ele fotografou. Foi um sigiloso membro da Maçonaria e recebeu elogios de Aleister Crowley. Carroll viveu até os 66 anos, morrendo repentinamente de pneumonia em 14 de janeiro de 1898.

Alice no País das Maravilhas sofreu uma influência significativa das artes ocultas abordadas na Sociedade de Pesquisas Psíquicas. Uma das mais destacadas no desdobrar da história foi o Espiritismo. Porém, Lewis Carroll não se conteve nas margens rasas da doutrina moderna de Allan Kardec que atingiu seu apogeu com a publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857. Ele se aprofundou nas teorias do paganismo sobre o contato com os mortos, a reencarnação e os símbolos místicos.

Atualmente, todas as coisas que as sociedades secretas conhecem sobre ocultismo e esoterismo foi fundado há muito mais de cinco mil anos atrás em três centros de poderes administrativos, políticos e culturais. Esses três centros são três das quatro primeiras cidades construídas por Ninrode (Gênesis 10:8-10): Babilônia, Suméria e Acádia. A doutrina da reencarnação abordada por Lewis Carroll provém dessas culturas pagãs e politeístas. Além do mais, muitos dos deuses dessas culturas são personificados em habitantes do País das Maravilhas. Um desses deuses é a deusa Ishtar, adorada na Suméria e na Acádia, e posteriormente na Babilônia. 

Ishtar é conhecida como a deusa da fertilidade, e em seus rituais estava incluídas libações e orgias sexuais. Um dos maiores rituais oferecidos à deusa acontecia no Equinócio de Primavera, onde as pessoas decoravam ovos e os escondiam em tocas nos campos. Ishtar se tornou tão conhecida que as outras culturas a adotaram em seu panteão, dando origem a uma das deusas mais amadas do Egito, a deusa Ísis. A deusa egípcia é a regente da magia, fertilidade e reencarnação. A fertilidade era tão importante nessas culturas que as mulheres que não conseguiam ter filhos eram consideradas amaldiçoadas pelos deuses. O coelho é o símbolo pagão da fertilidade e da deusa da reencarnação, e parecia ser o personagem perfeito para levar Alice ao País das Maravilhas.


"... quando subitamente um Coelho Branco com olhos cor-de-rosa passou correndo perto dela. Não havia nada de muito especial nisso, também Alice não achou muito fora do normal ouvir 'Oh, puxa! Oh, puxa! Eu devo estar muito atrasado', mas quando o Coelho tirou um relógio de bolso do colete, e olhou para ele, apressando-se a seguir, Alice pôs-se em pé e lhe passou a ideia na mente como um relâmpago, que ela nunca vira antes um coelho com bolso no colete e menos ainda com um relógio para tirar dele. Ardendo de curiosidade, ela correu pelo campo atrás dele, a tempo de vê-lo saltar dentro de uma grande toca de coelho embaixo da cerca. No mesmo instante, Alice entrou atrás dele, sem pensar como faria para sair dali. A toca do coelho dava diretamente para um túnel, e então se aprofundava repentinamente. (...) Então, ela olhou para os lados do poço e percebeu que ele era cheio de prateleiras." (Alice no País das Maravilhas, Capítulo 1 – Para Baixo na Toca do Coelho, página 2)

O Coelho Branco representa a própria deusa da reencarnação, enquanto atravessa a morte, conduzindo Alice ao suicídio, como uma promessa de uma nova aventura em uma esfera espiritual. Saltando na Toca do Coelho, Alice estava percorrendo o único caminho para se chegar ao País das Maravilhas. Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, os suicidas são punidos no Mundo Invisível, ficando presos em um buraco escuro de puro tormento – o Vale dos Suicidas. Lewis Carroll construiu uma terra misteriosa no subsolo, mesmo sabendo que em quase todas as culturas, o inferno ou mundo dos mortos, o Hades, fica abaixo da superfície. Seu propósito era atrair as pessoas para a morte, a fim de conhecerem o País das Maravilhas, uma versão agradável e interessante, e bem distante do lago de fogo e enxofre descrito nas Escrituras Sagradas. A Toca do Coelho nada mais é do que uma adaptação moderna dos túmulos dos antigos faraós, que guardavam os seus mais preciosos pertences para usá-los em outra vida. Inocentemente, Alice pula no buraco. O País das Maravilhas só pode ser encontrado com a morte corpórea voluntária.


"Eu fui surpreendido com o meu aprisionamento em uma região do Mundo Invisível cujo desolador panorama era composto por vales profundos, a que as sombras presidiam: gargantas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos, espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza, verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam. A fome, a sede, o frio enregelador, a fadiga, a insônia, exigências físicas martirizantes, a natureza como que aguçada em todos os seus desejos e apetites, a promiscuidade, tempestades constantes, inundações de lama, o fétido, as sombras perenes. Mas o suicídio é uma teia envolvente em que a vítima – o suicida – só se debate para cada vez mais confundir-se, tolher-se, embaraçar-se. Julgávamo-nos nada menos do que à frente do tribunal dos infernos!... Sim! Vivíamos na plenitude da região das sombras!" (Memórias De Um Suicida: Capítulo I – O Vale dos Suicidas, Yvonne Pereira) 


Continua...