Alice no País das Maravilhas foi um dos livros
infantis mais cotados do século XIX que conferiu a imortalidade literária a
Lewis Carroll, nome artístico de Charles Lutwidge Dodgson. Para aqueles que não
possuem discernimento e conhecimento bíblico, trata-se apenas de uma compilação
de aventuras de uma menina que encontrou de repente um lugar fantástico com
personagens cativantes. Porém, existem motivos óbvios demais para que esta obra
não tenha se tornado apenas mais um conto de uma época. Esses motivos são tão
importantes que Hollywood investiu em uma adaptação de Alice no País das
Maravilhas para o século XXI, se aproveitando de suas bases ocultas e
aprofundando os altos níveis de mensagens subliminares. O País das Maravilhas
tem se tornado um refúgio perigoso para aqueles que buscam a felicidade em seu
território, e quanto mais tempo se passa dentro dele, mais aumentam as chances
nunca mais poder escapar.
Charles Lutwidge Dodgson nasceu em 27 de
janeiro de 1832, na Inglaterra. Era filho do Reverendo Charles Dodgson, um
pastor protestante que lhe deu uma educação religiosa repleta de referências
cristãs. Porém, Dodgson abandonou a Igreja Anglicana na qual servia como
diácono e se tornou membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas. Ele aprendeu
sobre Espiritismo, Percepção Extrassensorial, Clarividência e outras atividades
paranormais. Em 1851, ingressou na Universidade de Oxford, onde estudou e
lecionou matemática. Inventou um grande número de enigmas, jogos matemáticos e
problemas de lógica, e algumas de suas criações foram empregadas posteriormente
em seu livro.
A história de Alice no País das Maravilhas surgiu em 1862, quando
fazia um passeio de barco no Rio Tâmisa com a sua amiga Alice Liddell, uma menina de dez
anos de idade, e suas irmãs. Dodgson começou a contar uma história sobre
uma menina que se chamava Alice que encontrou um mundo fantástico após cair em
uma toca de um coelho. Alice Liddell gostou tanto da história que pediu para
que Dodgson a escrevesse, tendo concluído o manuscrito em 1864. Esse manuscrito
sofreu algumas alterações, foi publicado e teve sua primeira tiragem removida
das prateleiras, devido todas as reclamações do ilustrador John Tenniel sobre a
qualidade da impressão. A segunda tiragem rapidamente esgotou-se nas vendas, e
a obra se tornou um grande sucesso.
"Gosto de crianças. Se eu tivesse a criança mais linda do mundo para desenhar e
fotografar e descobrisse nela um ligeiro acanhamento (por mais ligeiro e
facilmente superável que fosse) de ser retratada nua, eu sentia ser um dever
solene para com Deus abandonar por completo a solicitação" – Lewis
Carroll.
Lewis Carroll se interessou por fotografia
antes mesmo dessa arte ter sido refinada. Por temer que as imagens desnudas
causassem constrangimento para as meninas mais tarde, pediu que após a sua
morte fossem destruídas ou devolvidas às crianças ou seus pais. Quatro ou cinco
fotos ainda sobrevivem. Uma delas é possível encontrar no livro "Pleasures
Taken - Performances of Sexuality and Loss in Victorian Photographs" da
autora Carol Mavor. Na página 12 do livro é possível encontrar a foto da menina
Evelyn Hatch fotografada totalmente nua, como também referências ao trabalho
fotográfico de Lewis Carroll. Em outro livro intitulado "Cartas Às Suas
Amiguinhas" da editora Sette Letras, o conteúdo das cartas de Lewis
Carroll às meninas com quem ele se relacionou é analisado de forma fria e
racional e revela uma intimidade fora do comum entre Lewis e as meninas que ele
fotografou. Foi um sigiloso membro da Maçonaria e recebeu elogios de Aleister
Crowley. Carroll viveu até os 66 anos, morrendo repentinamente de pneumonia em
14 de janeiro de 1898.
Alice no País das Maravilhas sofreu uma influência
significativa das artes ocultas abordadas na Sociedade de Pesquisas Psíquicas.
Uma das mais destacadas no desdobrar da história foi o Espiritismo. Porém,
Lewis Carroll não se conteve nas margens rasas da doutrina moderna de Allan Kardec que
atingiu seu apogeu com a publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857. Ele se
aprofundou nas teorias do paganismo sobre o contato com os mortos, a reencarnação
e os símbolos místicos.
Atualmente, todas as coisas que as sociedades
secretas conhecem sobre ocultismo e esoterismo foi fundado há muito mais de cinco mil anos atrás
em três centros de poderes administrativos, políticos e culturais. Esses três
centros são três das quatro primeiras cidades construídas por Ninrode (Gênesis 10:8-10):
Babilônia, Suméria e Acádia. A doutrina da reencarnação abordada por Lewis
Carroll provém dessas culturas pagãs e politeístas. Além do mais, muitos dos
deuses dessas culturas são personificados em habitantes do País das Maravilhas.
Um desses deuses é a deusa Ishtar, adorada na Suméria e na Acádia, e
posteriormente na Babilônia.
Ishtar é conhecida como a deusa da fertilidade, e
em seus rituais estava incluídas libações e orgias sexuais. Um dos maiores
rituais oferecidos à deusa acontecia no Equinócio de Primavera, onde as pessoas
decoravam ovos e os escondiam em tocas nos campos. Ishtar se tornou tão
conhecida que as outras culturas a adotaram em seu panteão, dando origem a uma das
deusas mais amadas do Egito, a deusa Ísis. A deusa egípcia é a regente da
magia, fertilidade e reencarnação. A fertilidade era tão importante nessas
culturas que as mulheres que não conseguiam ter filhos eram consideradas
amaldiçoadas pelos deuses. O coelho é o símbolo pagão da fertilidade e da deusa
da reencarnação, e parecia ser o personagem perfeito para levar Alice ao País
das Maravilhas.

"... quando subitamente um Coelho Branco com
olhos cor-de-rosa passou correndo perto dela. Não havia nada de muito especial
nisso, também Alice não achou muito fora do normal ouvir 'Oh, puxa! Oh, puxa!
Eu devo estar muito atrasado', mas quando o Coelho tirou um relógio de bolso do
colete, e olhou para ele, apressando-se a seguir, Alice pôs-se em pé e lhe
passou a ideia na mente como um relâmpago, que ela nunca vira antes um coelho
com bolso no colete e menos ainda com um relógio para tirar dele. Ardendo de
curiosidade, ela correu pelo campo atrás dele, a tempo de vê-lo saltar dentro
de uma grande toca de coelho embaixo da cerca. No mesmo instante, Alice entrou
atrás dele, sem pensar como faria para sair dali. A toca do coelho dava
diretamente para um túnel, e então se aprofundava repentinamente. (...) Então,
ela olhou para os lados do poço e percebeu que ele era cheio de prateleiras." (Alice no País das Maravilhas, Capítulo 1 – Para Baixo na Toca do Coelho,
página 2)
O
Coelho Branco representa a própria deusa da reencarnação, enquanto atravessa a
morte, conduzindo Alice ao suicídio, como uma promessa de uma nova aventura em
uma esfera espiritual. Saltando na
Toca do Coelho, Alice estava percorrendo o único caminho para se chegar ao País
das Maravilhas. Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, os suicidas são punidos
no Mundo Invisível, ficando presos em um buraco escuro
de puro tormento – o Vale dos Suicidas. Lewis Carroll construiu uma terra
misteriosa no subsolo, mesmo sabendo que em quase todas as culturas, o inferno
ou mundo dos mortos, o Hades, fica abaixo da superfície. Seu propósito era atrair as
pessoas para a morte, a fim de conhecerem o País das Maravilhas, uma versão
agradável e interessante, e bem distante do lago de fogo e enxofre descrito nas
Escrituras Sagradas. A Toca do Coelho nada mais é do que uma adaptação moderna dos túmulos dos antigos faraós, que guardavam os seus mais preciosos pertences para usá-los em outra vida. Inocentemente, Alice pula no buraco. O País das Maravilhas só pode ser encontrado com a morte corpórea voluntária.
"Eu fui surpreendido com o meu aprisionamento
em uma região do Mundo Invisível cujo desolador panorama era composto por vales
profundos, a que as sombras presidiam: gargantas sinuosas e cavernas sinistras,
no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos, espíritos
que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza, verdadeiramente
inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam. A fome, a sede, o frio
enregelador, a fadiga, a insônia, exigências físicas martirizantes, a natureza
como que aguçada em todos os seus desejos e apetites, a promiscuidade,
tempestades constantes, inundações de lama, o fétido, as sombras perenes. Mas o
suicídio é uma teia envolvente em que a vítima – o suicida – só se debate para
cada vez mais confundir-se, tolher-se, embaraçar-se. Julgávamo-nos nada menos
do que à frente do tribunal dos infernos!... Sim! Vivíamos na plenitude da
região das sombras!" (Memórias De Um Suicida: Capítulo I – O Vale dos Suicidas,
Yvonne Pereira)
Continua...